Como comentado no post anterior, antecipei a viagem para dar uma passadinha em Buenos Aires. O objetivo era conhecer o processo de produção dos especiais multimidias do Clarín. O jornal portenho foi escolhido como ponto de partida da pesquisa porque, além de ser referência nessa área de jornalismo multimídia, se destaca pela inovação e qualidade gráfica dos materiais.
Depois de conversar com a equipe de produção - composta por dois designers multimídias, dois animadores em 3D, um engenheiro de áudio e um coordenador, Javier Elliot - entrevistei um dos principais repórteres, Gustavo Sierra. O que encontrei foi uma equipe de altíssima qualidade, mas que ainda afirma enfrentar resistência dentro do modelo de redação tradicional. Elliot comenta que depois de muitos pedidos conseguiram mudar a posição do link dos especiais para uma de mais destaque na home page do jornal. "Mas ainda não é suficiente", afirma.
O Clarín começou a produzir especiais multimídias em 2002, na tentativa de "contar histórias de maneira diferente aproveitando a convergência [de mídias] proporcionada pela Internet", comenta Sierra. Já no primeiro especial - "Piqueteros, la cara oculta de un fenómeno" - mesmo ainda sem a qualidade gráfica conquistada anos depois a partir da formação da atual equipe especializada em tecnologia gráfica, o Clarín conquistou o prêmio "Nuevo Periodismo 2002", dado pela "Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano", fundada por Gabriel García Márquez. A partir de 2007, a qualidade técnica de imagem e som deu um grande salto, permitindo a criação de especiais mais elaborados, inclusive com músicas próprias.
A idéia das pautas, na maioria das vezes, vem dos repórteres, que, a partir da apuração e edição dos dados coletados, entregam o material a equipe de Javier. Essa equipe cria templates, músicas e efeitos exclusivos para cada reportagem. Os especiais são produzidos em no mínimo um mês. Depois dos argentinos, os brasileiros são os principais leitores dos especiais. A reportagem "Brasil Petrolero", por exemplo, dois meses após ser publicada, quando já estava fora da home page, teve cerca de 200 mil acessos em um mês. A estimativa é de que entre 5% e 10%, dos cerca de 800 mil leitores diarios do Clarin.com, acessem os especiais multimídias.
Algumas empresas de comunicação no Brasil - como o Estadao, o Globo.com - começaram a investir em seções multimídias com o barateamento da banda larga no país. Entretanto, poucos apresentam equipes especializadas. De acordo com o artigo "A reportagem multimídia no Clarín.com e a pesquisa por uma linguagem digital", ainda falta também no Brasil o desenvolvimento de pesquisas por linguagens narrativas multimídia como a desenvolvida pelo Clarín. Esse foi um dos fatores que influenciou na decisão de optarmos pelo formato multimídia no nosso trabalho.
Gustavo Sierra aposta nesse tipo de reportagem como o futuro do jornalismo. No entanto, de acordo com Javier, o que ainda falta para que os especiais se consolidem é a evolução de tecnologias que permitam maior participação dos leitores.
Domitila Becker
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
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Meninas, estou na espera para ver o andamento do TCC. Domi, falou co o Marcelo Franco? bj
ResponderExcluirO Blog tá bom demais, essa menina Domitila tem o DOM!!!
ResponderExcluirMinha cara Domitila, DOMdestá vc?!
ResponderExcluirÉ só isso mesmo esse blog, uma visita ao Clarín?
Não se esqueça de que o DOM DEVE SER APERFEIÇOADO!